Há um supermercado que anuncia na TV que faz esta pergunta a nós em seus comerciais, depois ele cita diversas coisas que podem fazer-nos felizes. Um carro, uma praia, um papo, um churrasco, uma viagem…
No final ele diz que lá é lugar de gente feliz! Tudo efêmero!
Isto é, passageiro, temporário, transitório!
Um dos grandes conflitos humanos é sua necessidade que temos de sermos felizes ou não.
Mas uma coisa eu posso afirmar aqui com certeza, supermercado não deixa ninguém feliz. É um lugar de stress, há um conceito muito conhecido dos estudiosos do comportamento de compra que já sabe que o
supermercado é um local de stress, de frustração, pois há um estímulo muito forte de compra e quase ninguém dispõem de dinheiro suficiente para comprar tudo o que desejaria ou precisa, mas este é um conflito moderno.
Dizer que os objetos trarão a felicidade a você. São os objetos de desejo. É isso que gera crise, infelicidade.
Na verdade muitas coisas que possuímos nos dão alguma felicidade logo que a compramos, mas depois nós a esquecemos e pensamos em novas coisas. A indústria da tecnologia explora este comportamento humano de maneira muito efetiva.
O desenho de um carro novo é sempre mais bonito do que o do antigo. A TV de LCD é mais bonita que a velha TV de tubo, a panela em aço inox é mais bonita que a velha panela de barro, pois seu cabo é mais ergonômico. A roupa da moda é sempre mais bonita que a do ano anterior. Mas o que poucas sabem que tudo isto é passageiro.
O prazer que sentimos com a beleza ou mesmo a função dos objetos é extremamente passageiro, mas o mundo contemporâneo passa-nos a sensação de que só existe prazer, só existe felicidade de fora para dentro. A verdade é o prazer é algo de dentro para fora, assim como a dor. Para os monges budistas, prazer e dor, ou crise e oportunidade são a mesma moeda, apenas estão em lados opostos.
Quando nos apegamos demais às coisas materiais ficamos com medo de perdê-las, tornamo-nos possessivos e quando as perdemos nos descontrolamos. O mesmo pode ocorrer no relacionamento entre as pessoas.
Com um grande amor ou uma grande amizade. Na verdade não sabemos lidar com a dualidade, com o conflito natural dela. Sendo assim, precisamos de manuais de felicidade, de gurus da felicidade, de tutores da minha felicidade,
para conduzir a minha vida. Precisamos de manuais de sobrevivência no mundo!
O problema é que hoje existem tantos… Qual escolher então? Bem, a verdade é uma só. Ninguém, mas ninguém mesmo tem a receita pronta para a sua vida. Nenhum produto o fará feliz eternamente.
O manual da sua vida é você que irá escrever, aquilo que o faz feliz ou triste é você quem determinará.
A única coisa que eu posso dizer que aprendi e que tento usar, e isto não significa que o saiba usar adequadamente, pois também tenho conflitos existenciais, é que não sou apegado a nada que é material,
até tenho muitos livros, apostilas, trabalhos, velhos, mas não sou apegados a eles, eu os utilizo como instrumentos de trabalho, apenas.
Não é a roupa que eu uso que fará mais ou menos feliz na vida, apesar de a roupa nova trazer uma sensação de felicidade, momentânea, depois isso se esvai.
Devemos apreciar cada coisa, boa ou ruim, que acontece conosco, isso é viver feliz.
Ser feliz é viver minha vida intensamente, com as euforias, as calmarias, ou as depressões que ela me trará. Então não incorpore a crise dos outros, não compre o problema dos outros. Viva a sua vida.
Percebo pessoas extremamente envolvidas em situações de novelas, que são fantasias, ficções, contos, como se elas fossem verdadeiras e vivenciam aquilo de maneira tão intensa que criam ódio por personagens
a ponto de transferir este sentimento para o próprio artista.
Isso e viver num mundo de fantasia. Pior pode se tornar compulsão, vício, paixão.
Eu mesmo tenho tentado vivenciar menos a paixão que tenho pelo futebol. É difícil, pois vivi anos estimulando este sentimento passional por um time. O prazer que sentimos quando o nosso time ganha é agradável,
mas é muito desagradável quando ele perde. Tudo isso a troco do que? Eu não ganho nada com isso! Então viva a sua crise, a sua oportunidade, a sua felicidade a sua tristeza, de maneira tranqüila,
pois saiba que as duas existem simultaneamente. A vida é esta dualidade!
Carpe Diem e bons negócios!
Celso Negrão
Educador Corporativo e Consultor