Recentemente passei por um período perfeccionista que afetou minha carreira profissional. A estratégia era o engavetamento de alguns objetivos e sonhos acalentados.
O exagero nos detalhes e o meu nível de exigência imenso e desumano resultaram em projetos inteligentes, mas sem vida. Minha sensação de desconforto crescia enquanto minha criatividade não alcançava a realização.
Sabe aquela ideia recorrente, acompanhada de uma sensação estranha, sugerindo que falta algo e que o produto está longe do ideal?
Pois bem: assim era eu, uma profissional com projetos que sofriam fobia social. Ou será que eu sofria disso?
- Quem será que nasce primeiro: a vida profissional ou o nosso desejo em ter uma carreira extraordinária?
- Será verdade que somos o que pensamos e realizamos o que produzimos?
- Engavetar poderá ser um sintoma e não uma estratégia inteligente e adequada ao mercado?
- Será possível que, enquanto a gaveta acumula papéis com ideias alucinantes, o mercado brilha oportunidades para os outros?
- Além da fobia social, é possível que determinados projetos de carreira sejam sabotados por estarmos com a famosa síndrome de pânico?
- O tamanho e a suntuosidade do objetivo, embora bem definidos, podem provocar medo e reacender a sensação de incapacidade que conhecemos em nós e que nos acompanha desde a infância?
- O fato de algo sempre estar inacabado, apesar de quase perfeito, será desculpa para justificar o medo do fracasso?
- Impomos objetivos desafiadores para motivar nossas ações. Por que sentimos força e lucidez durante a criação e, por vezes, falta coragem para dar o passo em direção ao lançamento oficial?
- Por que somos mais habilidosos nas ações medíocres e nos ocupamos quase 100% com elas?
- Será de fato que a falta de tempo e dinheiro impede algo rumo à conquista do objetivo?
- Por que usamos tantas desculpas para justificar atrasos, medos e dificuldades?
- Em que porto a vida está ancorada? Em algum porto seguro ou em um porto com areia movediça, onde a cada idéia e tentativa afunda-se ainda mais cada possibilidade de conquistar o sucesso?
- Em que nível de verdade pessoal me encontro?
- Estou disposta a defender minha coragem e a certeza que sou realmente capaz ou prefiro alarmar que sou o máximo engavetando tudo e demonstrando ser um blefe?
Bem: a intenção dos questionamentos é positiva, pois quero contribuir com os companheiros de jornada que se identificaram com a gaveta entulhada e a garganta sufocada. É hora de entender uma frase do meu amigo Renan. Segundo ele, é sempre melhor valorizar o que está feito com possibilidade de melhoria do que acumular o perfeito na gaveta!
Sendo assim, o ano de 2016 sugere que é hora de limpar, desinfetar e quebrar o que impede que sejamos um blefe para quem mais importa na vida: nós mesmos! Que assim seja!
Irlei Hammes Wiesel – www.irleiwiesel.com.br